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Meus amigos que moram na América

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Foto: Nova York, mar. 2009/Arquivo Pessoal

Depoimentos de três amigos brasileiros que moram há décadas nos Estados Unidos, lá se estabeleceram, constituíram famílias – e até há bem pouco tempo se diziam felizes.

Perguntei-lhes sobre a repercussão da ação do presidente Donald Trump às instituições brasileiras.

Leiam as respostas:

1 –

“Oi. Desculpe, mas só agora consegui lhe responder. Essas taxações de produtos importados de outros países geram muitas polêmicas. Dividem opiniões. Muitos, como eu, acham que podem gerar mais inflação dentro do proprio país, os Estados Unidos. As medidas contra o Brasil vão no bojo dessa política econômica que se mostra distante da maneira como os Estados Unidos atuavam, de forma parceira, no mercado internacional. Havia conversas, negociações. Não era assim, na pancada. Na base das sanções, de forma agressiva, autoritária e consequências imprevisíveis para todos.

No entanto, vou lhe dizer, com sinceridade, que o grande tema hoje nos Estados Unidos é a questão dos imigrantes. Este é (ou era) o país das oportunidades, feito e construído por gente de todos os cantos do mundo. Hoje, todos nessa condição estão com muito medo. A última notícia é que o governo pretende restringir ao máximo que imigrantes tanto legais quanto ilegais tenham qualquer acesso ao sistema de saúde.

Pensa numa gente perversa, amigo…

No meu caso, ando muito triste com a questão das políticas de educação e imigratórias. Isso me afeta diariamente. Tenho alunos nessas condições. Todos nos sentimos perseguidos e em risco”.

2 –

“Não sei bem o que lhe dizer, Rudi.

Estou há tantos e tantos anos longe do Brasil.

Por mais que tente, não consigo justificar a mim mesmo a situação atual como fora de um contexto mundial em que só temos a perder, todos. Minha impressão é que vivemos um momento de retrocesso e do salve-se quem puder. Individualismo e egoísmo são as palavras chaves.

Bem assim mesmo, “faço porque posso”.

Num sentido mais profundo creio que vivemos uma enorme crise de lideranças humanistas, na acepção do termo. Aqueles que verdadeiramente prezam pelo bem comum.

O que mais estranho, digo e repito, daqui onde vivo, é o contingente de pessoas que estranhamente se identificam com o discurso destrutivo de ódio e rancor. Contingente que, sem culpas ou arrependimento, acaba por eleger Trump e similares mundo afora e lhes dá plenos poderes de fazer e desfazer.

É isso que mais me espanta.

Trump age assim, de forma punitiva, com todos.

Não é só uma questão de Brasil. Entendo como sanções o aumento arbitrário das tarifas que, diga-se, não atinge apenas o Brasil. Na mesma semana taxou altamente o Canadá e ao Japão, ao México e à União Europeia.

É o jeito Trump de governar.

Atacar, atacar, atacar.

Agora, não dá para dizer que quem o elegeu não sabia que seria assim.

Sabiam todos e todos assim queriam.

Por isso, convivo, mesmo sem direito, com essa relação de amor e ódio também em relação ao Brasil, me perdoe, amigo. Também aí o novo-velho fascismo tem muitos adeptos que aplaudiram a tentativa de golpe de 8 de janeiro, falam em anistiar os culpados, elegem um Congresso tosco e fazem de tudo para voltar ao Palácio do Planalto em 2026.”

3 –

“Amigo, serei breve.

Alguma coisa está fora da ordem, fora da ordem mundial, como disse Caetano numa canção já bem antiguinha.

Dou-lhe um exemplo.

Por aqui, os portos estão vazios. Os caminhoneiros preocupados com o desemprego e o Trump trumpeteando suas malvadezas, abusos e idiotices.”

TRILHA SONORA

“Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial”

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