Foto: Cláudio Michelli/Arquivo Pessoal
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Meus caros e preclaros,
DEMOCRACIA SEMPRE!
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Nosso post/crônica de hoje faz singela homenagem aos 80 anos que ontem (22) se completaram do nascimento do Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o inesquecível Gonzaguinha, de tantas e tão belas canções.
Talento com origem e procedência.
Ele é neto de Januário, sanfoneiro arretado, e filho de Luiz Gonzaga, o Gonzagão, Rei do Baião.
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Conversaremos a partir da ilustração que encontrei entre meus guardados – a foto aí de cima, feita pelo saudoso amigo Cláudio Michelli numa das tantas e quantas entrevistas que participamos; eu, o repórter canetinha , ele como o sagaz lambe-lambe, um dos melhores repórteres fotográficos com quem tive a honra de trabalhar.
É assim que nos tratávamos.
Eu o chamava de Clamic, o lambe-lambe.
E ele devolvia na mesma moeda:
“Vai logo, Rudi Canetinha, que o carro de reportagem já está nos esperando.”
(Teste: Onde está Woly? Quem me descobrir na imagem ganha um livro.)
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Deixemos de digressões – e voltemos ao tema.
Gonzaguinha foi um dos grandes nomes da então chamada ‘geração de briga’ ou os pós-tropicalistas. A saber: aqueles incautos cantores e compositores (Gonzaguinha, Ivan Lins, Alceu Valença, Walter Franco, Geraldinho Azevedo, Luiz Melodia, Ednardo, Fagner, Belchior, João Bosco e Aldir Blanc, Novos Baianos e outros mais) surgidos logo após o retumbante sucesso da Era dos Festivais que, com a cumplicidade da TV, revelou para o Brasil todo a genialidade de Caetano, Gil, Chico, Milton, Paulinho da Viola, Benjor, Elis Regina, Toquinho e Vinicius, Edu Lobo, Hermeto, Tomzé, Roberto e Erasmo e tais e quais.
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Uma responsa de peso.
Ainda mais que vivíamos outro momento histórico. De recrudescimento da tenebrosa ditadura militar, da censura, do AI-5, dos desmandos, da repressão, do obscurantismo.
(Assombrações que, valha-nos o Senhor, ainda hoje nos cercam, registre-se).
Enfim…
O que havia sido já não era.
E a turminha, aí pela faixa dos vinte e poucos anos, teve que enfrentar a barra de inventar o próprio espaço para dar vazão a um trabalho igualmente criativo e pertinente ao novo momento do país e também da nossa música popular.
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O admirável Gonzaguinha mostra-se desde o início um autor de versos contundentes – e primorosos.
Um artista raro, de estilo personalíssimo, capaz de versos fortes e demolidores (como na canção “Geraldinos e Arquibaldos”) e, ao mesmo tempo, de candente paixão (como na eterna “Espere Por Mim Morena”).
Grande Gonzaguinha, eterno Gonzaguinha. Autor de outras muitas belíssimas canções como “Começaria tudo outra vez”, “Sangrando”, “Explode Coração”, “Grito de Alerta”, “Guerreiro Menino”, “É” e outros tantos sucessos.
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Morreu aos 46 anos, em 1991, num trágico acidente automobilístico.
Deixou-nos um lindo e poético legado. E, sinceramente, um dos versos mais extraordinários do nosso cancioneiro popular:
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz.”
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Leia também a entrevista, de 1981:
Gonzaguinha. Sempre e sempre recomeçar
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TRILHA SONORA
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O que você acha?