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Da Viola Enluarada a Evidências

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Foto: Jô Rabelo/Arquivo

Convido aos amigos e amáveis leitores a ouvir uma velha canção de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle:

“Viola Enluarada”.

Uma das minhas músicas preferidas.

Causou uma pequena revolução em mim – entender a arte com função social, além de entreter.

Talvez a que melhor represente um gênero musical naquele Brasil dos anos 60.

A chamada “música de protesto”. Ou melhor “a música libertária”, no entender de Gil.

Tinha 15 para 16 anos quando a ouvi pela primeira vez.

Fiquei maravilhado. Uma surpresa e tanto.

Não era um batuque acelerado do Ben Jor (à época, Jorge Ben), nem um roquezinho maneiro do Roberto e do Erasmo, menos ainda fazia parte do idolatrado repertório dos Beatles e dos Rolling Stones – que caspita havia naquela canção dolente, de letra afiada, que me deixou assim, mareado por um sentimento até então escondido a dizer coisas que o Degas aqui, ainda garoto, pensava e não sabia verbalizar.

Era um lema de história e vida?

Ouço e (re)ouço a canção nesta manhã outonal, com a mesma sensação de estranheza, e fé no que virá.

A letra, precioso ajuntamento de palavras, exalta a liberdade, a luta de cada um e de todos, a consciência social, o amor à companheira, a paz que é passageira e outros tantos valores humanísticos ainda hoje em pauta na mente e no coração “dos homens de boa vontade”, no dizer bíblico.

Ah, meus caros e preclaros,

aqules efervescentes anos 60…

Tantos e tamanhos desafios nos trouxeram.

Imaginem um jovem suburbano, cabeludo, às tontas na vida, sem eira, nem beira, com ares de quem vai mudar o mundo, e mal contendo a angústia que lhe explode n’alma ao ouvir no rádio uma canção que dá voz e melodia às vãs utopias…

Dá pra imaginar?

De quebra, e para lhe tumultuar as emoções, surge lá pelo fim da canção, em participação especialíssima, a voz cortante de um tal de Mílton Nascimento a iluminar de vez todas as próprias convicções.

Desconfio que foi a primeira vez que ouvi a voz de Milton.

Foi um assombro – e continua hoje, toda vez que ouço a canção.

Inesquecível.

EM TEMPO – E PARA NÃO PERDER A OPORTUNIDADE…

desafio minhas duas gerações de sobrinhos (são tantos que perdi a conta, sobrinhos e sobrinhos-netos, dos 2 aos 61 anos) e seus contemporâneos a me responder:

O que há de comum entre esta canção à beira de completar 60 anos, “Viola Enluarada” , e o hino pop das noitadas de hoje, aquela canção gravada por Chitãozinho e Xororó que todos cantam depois do quarto ou quinto gole, “Evidências”?

Resposta, depois do vídeo.

* “Viola Enluarada” e “Evidências”, amigos, têm o mesmo letrista:

Paulo Sérgio Kostenbader Valle, hoje, com 84 anos.

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