O estilo casual do Sr. Aldo, meu pai, nos idos dos anos 40/Arquivo Pessoal
…
Há saudades e… SAUDADES!
Nada se compara, porém, ao vazio que o Velho Aldo, de riso breve e silêncios enternecedores, deixou pelos arredores por onde ando e me perco.
O pai quase não falava.
Era homem de ouvir e concordar. Ou não.
Só a dona Yolanda, minha saudosa mãe, tinha o direito e a pacienciosa sina de testemunhar suas explosões e iras que, na verdade, eram apenas desabafos naturais de um coração calabrês já abalado por disritmias e safenas.
Era simples entender seus sábios veredictos.
Se o que alguém lhe contasse fosse um coisa boa, que valesse à pena, então, sorria um sorriso leve – os dentes quase não apareciam no rosto de traços fortes.
Mas, era bom vê-lo sorrir.
Se o relato fosse sobre algo que não concordava (falar mal do Lula, por exemplo), entortava as grossas
sobrancelhas e pendia a cabeça para um dos lados e ficava a olhar o nada.
Se por acaso alguém viesse lhe falar uma enorme bobagem, era divertido: deixava o incauto com a história ao meio e saía de fininho. Quando o cidadão dava por si estava a falar sozinho:
– Ué! Cadê você, Aldão?, o incauto se punha a procurar.
Hoje, queiramos ou não, sou eu a fazer a pergunta.
Nada verdade, eu a faço todos os dias.
Porque há saudade que também se faz doce presença a nos acompanhar na mente e no coração.
Sinto tanta falta de consultar esse oráculo chamado Sr. Aldo , com seus 1,66 de altura e imensa generosidade.
Tanta saudade. Que cá estou a escrever e reescrever sobre o Velho Moço para amenizar a falta que ele faz.
Aproveito para reverenciar a data.
Feliz Dia dos Pais, rapaziada!!!
…
…
(*) Texto adaptado a partir de publicação originalmente feita em 8 de agosto de 2021.
…
O que você acha?