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Lady Gaga, os boletos e o velhote

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Foto: Show de Lady Gaga na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro/A.Macieira /Riotur

Desconfio que seja uma provocação do amigo Nascimento Jr.

Sem mais, nem menos, o moço – não sei se anda por Brasília ou pelo Rio de Janeiro – me encaminha mensagem pelo zap logo na manhã desta arrastada segunda-feira, dia 5, repleta de boletos para que eu pague.

Ou seja, humor zero.

A mensagem:

“Maior movimento político cultural no Brasil nos últimos 50 anos. Esse é o significado do show de Lady Gaga (na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no sábado, dia 3)”.

Uia.

Dizem que lá estavam 2 milhões de seres viventes para ver/ouvir a estrela pop.

Será?

O moço é antropólogo, com doutorado e o escambau. Está na bica dos 60. Já exerceu importante cargo público. Foi presidente do Instituto Brasileiro dos Museus, não tenho como, mero escrevinhador que sou, como contra-argumentar.

Talvez haja alguma ironia na assertiva.

Não sei – e, como estou aqui, às voltas com as contar a pagar, vou adiar a discussão sobre o tema.

Uma questão maior se alevanta, pois.

Registro apenas uma impressão que trago comigo desde longínquos tempos. Ainda quando batucava meu arrazoado de letrinhas na velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.

Naqueles idos, as atrações internacionais e os alcunhados grandes eventos apenas se iniciavam por plagas brazucas. Anos 80 e 90, tinha lá meus bons 30, 40 anos, e já me espantava com o furor juvenil sempre que se anunciava esta ou aquela atração em turnê por aqui.

“ O grupo Guns N’Roses virá ao Brasil.”

“Faith No More vai se apresentar em São Paulo.”

“Fãs acampados para ver o show de Madonna no Morumbi.”

Ok, ok.

Já tinha ouvido falar dos tais e dos quais, ainda que remotamente. Sabia que uma ou outra canção tocava, vez ou outra, nas rádios FMs voltadas para o gênero. Mas, convenhamos, na minha humilde percepção, nada efetivamente de maior relevância estava acontecendo a arrastar multidões de avivados.

Então, de repente…

Não mais que de repente, surgiam, do nada, legiões e legiões de seguidores – delirantemente apaixonados – pela atração da vez.

“De onde saiu essa turba que até ontem eu desconhecia completamente?” – eu perguntava, algo incrédulo, ao saudoso amigo e mestre Nasci, pai do Nascimento Júnior, então um meninote na ocasião.

Nasci e eu éramos colega na Velha Redação.

Ele era uma espécie de oráculo para os nossos dilemas jornalísticos e existenciais.

A bordo do inseparável cachimbo (naquele tempo não havia restrição aos fumantes), Nasci sorria e dava o veredito em tom de deboche:

“É a globalização, meu caro”.

– Além do que, Rudi, tu estás me saindo um velhote dos mais ranzinzas.

TRILHA SONORA

Verdade verdadeira, continuo o mesmo.

Contudo, tenho lá minhas preferências.

Ouçamos Lady Gaga e… Tony Bennett:

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