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Lembranças do garoto Tchinim enquanto o Vaticano não escolhe o Papa

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Foto: Jô Rabelo

Guardei a manhã de hoje na expectativa da ‘fumaça branca’ que anunciaria o novo Papa.

Deu-se que não deu-se.

Ou seja, fumaça preta na chaminé para espanto da ‘gaivota’ que se aboletou no telhado do prédio no Vaticano – e deu área dali, tão desolada, creio, como o blogueiro sem ter o que postar.

Meio-dia e trinta e cinco.

Nadica de nada.

Resolvo escrever mesmo assim.

Qualquer boa nova fica para o post/crônica de amanhã.

Espero que os amigos entendam.

Estudei no colégio marista Nossa Senhora da Glória, ali, no Reino Unido do Cambuci.

Alguns amigos ainda se espantam quando digo que tenho uma formação marista.

– Você!!!

Eu, sim, caras pálidas.

Desconfio que tenho pinta de breaco e, além do que, conto e reconto tantas histórias que os caras não me levam a sério. Por mais que eu tenha esse bom antecedente.

Olha aí, rapaziada, se não sou melhor – e não os convenço – deve ser mesmo por defeito de fabricação, pois que os Irmãos Justino, Fidélis e Demétrius se esforçaram – e muito. Ah, sim, como se esforçaram!

II.

Pois então…

Embalado na religiosidade dos dias de hoje, dei de lembrar como era a semana Semana Santa naqueles idos dos anos 50 e 60. pegada. Encapavam os santos com tecido roxo nas igrejas, as pessoas levavam a sério o jejum, as mulheres cobriam a cabeça com véus nas procissões e, se bem me lembro, as emissoras de rádio só tocavam música instrumental nos dois dias.

A vó Ignês não deixava a gente nem sequer sorrir.

– Stai fermo, Tchinim!

Tchinim, como bem sabem meus cinco ou seis leitores, era eu.

Ficava quietinho, quietinho, antes que o couro comesse.

III.

Outra lembrança que tenho desses idos é a procissão que havia, pelas ruas do Cambuci, as quatro da matina do domingo de Páscoa.

Se bem me lembro, era o encontro de Cristo ressucitado com Nossa Senhora.

Minha mãe nos acordava – a mim e às minhas irmãs – lá pelas três da manhã, nos vestia com rigor e caminhávamos de mãos dadas na escuridão até nos encontrarmos, nas imediações da rua Mazzini, com os demais fiéis que seguiam em orações e cantos.

Serei sincero, como de hábito. Tinha nove/dez anos, até menos, e gostava da aventura de sair pelas ruas madrugada adentro. Era bem impressionante para uma criança todo o cenário que nos envolvia. Tinha aquela coisa do sofrimento de Cristo, a expressão de dor estampada na imagem de Nossa Senhora, a cantoria, as orações, a contundência das palavras do Padre João.

Era um momento de circunspecção e, diria, de imensurável tristeza.

IV.

Ao raiar do dia, toda essa tensão, no entanto, era quebrada pelos rapazes que, em sentido contrário, caminhavam cambaleantes, nas calçadas, e paravam ao ver a procissão.

– Não olha, não olha, dizia a mãe.

Representavam o pecado, a lascívia. A esbórnia. O mau exemplo.

Eles acabavam de sair dos famosos Bailes de Aleluia, deviam ter rachado o coco nos salões das imediações, depois de 40 dias de, digamos, recesso dançante.

Mostravam-se respeitosos, mas tinham uma brejeirice no olhar.

Ficavam em silêncio.

Tiravam o chapéu em reverência e se persignavam diante de nós e dos andores com a imagens.

V.

Vocês, amigos e fiéis leitores, sabem que tenho uma tendência a ficar imaginando coisas.

Pois então…

Desde os tempos de criança sou assim.

Vou lhes confessar.

Tinha uma inveja danada dos rapazes. Eram minha referência. Torcia para logo fazer 18 anos e, como se dizia à época, me acabar na gandaia.

VI.

A mãe, talvez, não fosse gostar. Os irmãos/professores, também. Mas o que fazer…

Como disse tenho lá minhas limitações e fraquezas ainda hoje.

O que dirá naquele tempo…

Ainda nenhum comentário.

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