Foto: Jô Rabelo
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Esqueçamos o noticiário por hoje.
Ao menos aqui, por alguns instantes, neste humilde e persistente Blog.
Quero lhes falar do que me aconteceu na tarde de ontem.
Querem saber?
Deixaram na portaria do prédio onde moro um caderno repleto de poesias. O autor preferiu não se identificar.
Um enigma – ressalta no bilhete de apresentação.
Também sugere que eu as leia “nas horinhas distraídas” e, se possível, “produza” um brevíssimo texto “que servirá de prefácio em caso de uma futura, provável, remota e, ainda incerta publicação” das mesmas em livro.
Assina:
“Um dos seus cinco ou seis leitores”
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De pronto, aciono o amigo Poeta para saber se o figura está por trás dos versos e da presepada misteriosa – mas, pelo estilo e conteúdo do que tenho em mãos, já imagino que não seria de sua lavra.
O amigo ri da minha suspeição. Me parece surpreso. Não com o fato em si. Diz que eu não o conheço mais. Que é um cinquentão descolado e há tempos aposentou a caneta, o lápis e o papel; não escreve nada à mão.
– Ao contrário de você, sou digital, amigo. Esqueceu?
Ui!
Na verdade, nunca atentei para essa modernidade toda.
Enfim…
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Passo 2.
Vou à portaria saber quem havia deixado o pacote – e se o dito-cujo era mesmo para mim?
Carlão, o porteiro, não tem dúvida: um motoboy deixou a encomenda (que não encomendei) para que me entregasse em mãos. Com a recomendação que voltaria na segunda para buscá-la.
Olaiá…
Quantos mistérios?
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Desentoco minha capa, a lupa e o chapéu de Sherlock – e saio a campo para outras investigações.
Prometo voltar amanhã com detalhes de tão palpitante tema.
Também sou chegado num suspense.
Vou ler o que o moço/a poetou e lhes conto…
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Fiquem com a enigmática – e apaixonante – canção do saudoso Emílio Santiago que nos deixou em 20 de março de 2013. Uma perda irreparável. Tinha 66 anos.
O que você acha?