Foto: Fraternidade Santo Antônio do Pari/Arquivo
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Se algum de vocês, meus queridos cinco ou seis leitores, passar pelos arredores da igreja Santo Antônio do Pari, não se assuste se encontrar, vagando pelos arredores, o espectro de um jovem cabeludo, com idade aí por volta dos 15 ou 16 anos e ar contrariado de quem passou a vida a esperar.
Ele está de roupa nova, um tanto ultrapassada para os dias atuais.
Mas, o que fazer? Ressurgiu agora das calendas do tempo, ainda com a vã esperança de que a promessa se cumpra, como alguém prometeu
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Vou lhes contar como foi.
E foi no mais antigo dos anos.
Eles se conheceram na praia num prolongado fim de semana de verão. Caminharam pela areia e conversaram o que conversavam os jovens daquela época.
Ela voltaria para São Paulo logo ao anoitecer.
E ele insistiu: gostaria de vê-la outras vezes.
A menina ficou sem jeito, sorriu lisonjeada.
Talvez já namorasse alguém por aqui, mesmo assim, nunca se soube, pareceu concordar.
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Lembrem-se!
Anos 60. Não havia celulares, internet e tantas engenhocas com as quais hoje convivemos.
Aliás, sequer sonhávamos com tamanha e tão díspares facilidades.
Resumo da ópera:
Acertou-se, pois, um novo encontro para o sábado seguinte, às sete da noite. Em frente à igreja de Santo Antônio do Pari.
— Pari?
— É Pari! Por quê?
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Ele concordou, de pronto.
(Mesmo sem ter a menor noção de onde ficava o bairro operário paulistano e quantas conduções tomaria para lá chegar.)
Não preciso dizer, mas digo que o giovanotte, ansioso, passou a contar os dias, as horas, os minutos da semana que, sábia, teimava em se arrastar.
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No dia, hora e local aprazados, lá estava ele, o Pimpão
E desconfio, com uma ponta de nostalgia, que muitas das suas quimeras ainda continua por lá.
À espera de quem nunca virá…
Valei-me Santo Antônio do Pari!
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* O post de hoje foi inspirado em texto original, publicado em 13 de junho de 2011
O que você acha?