“Uma das experiências curiosas que vivi foi qyuando produzi a música “Que Pena”, uma das mais bem sucedidas canções na voz de Gal Costa. Lembro que a ideia inicial foi gravar aquela faixa com Gal Costa e Jorge Ben, tanto é que foi ele quem escreveu a música. Nós três estávamos em pontos distintos da Bahia quando nos comunicamos por telefone e decidimos fazer aquele dueto para a música. Quando voltamos, entramos no estúdio e a canção simplesmente não saía porque o tom da voz de jorge era incompatível com o da Gal. Foi um desafio para mim como produtor. Se preocupar com o tom dos músicos e das músicas fazia parte do meu trabalho e eu tinha percebido que havia combinado tudo aquilo sem levar isso em consideração até a hora da gravação. Foi então que eu vi o Caetano no corredor do lado de fora, batendo papo com algum funcionário da gravadora, e saí a perguntar se ele tinha o mesmo tom da Gal. Ele falou que sim e nós fomos gravar. Foi daí que nasceu a versão.

(...)

Lembro uma manhã, bem cedo, quando recebi um telefonema do Chico Buarque me dizendo se eu queria ouvir uma música que ele tinha terminado de compor. Eu topei ir até a casa onde estava também o Vinicius de Moraes, sentado em uma cadeira de balanço no andar da piscina com uma garrafa de uísque logo às dez horas da manhã. Eles dois tinham passado aquela noite lá durante a composição da música “Apesar de Você”. Quem assina a canção é apenas o Chico, mas quem vai me dizer que a música não teve algum pitaco do Vinicius? Me pergunto isso até hoje.”


*Trecho do depoimento do produtor musical Manoel Barenbein ao livrorreportagem “Geração Philips – Os filhos da gravadora qu e revolucionou a MPB”, apresentado à banca avaliadora dos trabalhos de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, na noite de quarta (dia 12) e aprovado com nota máxima, 10. Autoria de Erick Paytel, Ligia Valezi da Silva, Marília Carneiro e Victor José. Orientação: prof. Jorge Tarquini.