Foram 17 longos minutos para quem acompanhava apreensivo o atendimento pela TV. O trabalho intenso dos médicos assustava. O que poderia ter acontecido com Senna? Por que a Willians passou reto daquela maneira? O que havia de errado com a Fórmula 1? Por que o final de semana do GP de San Marino estava sendo daquele jeito?
Sem informações dentro da apertadíssima cabine da TV Globo, Reginaldo Leme já tinha consciência de que o estado de Senna era grave após o impacto violento no muro da Tamborello.
Havia uma janelinha à nossa esquerda e a gente narrava de frente olhando para as televisões. Estavam na cabine o Galvão, o nosso operador de som, Cláudio Amaral, o Braguinha e o irmão, que tinha o problema no joelho (então a gente arrumava uma cadeira para ele sentar ao lado da porta). Fora da cabine, estavam o Leonardo Senna e o Ubirajara Guimarães, empresário brasileiro do Ayrton.
O Galvão tinha tirado o olho da tela, não sei o que ele estava vendo. Era um dia de muito calor, tanto que ele estava com a toalha na mão para se enxugar. Quando o Senna passou reto, dei um puta safanão nele e falei assim: ‘olha aí’. Ele viu o finalzinho e falou: ‘Senna bateu forte’.
Quando o carro parou, eu pensei: ‘machucado ele está’.
Na hora em que ele deu aquela mexida, aí eu pensei em morte.
* Depoimento do jornalista Reginaldo Leme para os autores do livrorreportagem ”A Morte de Ayrton Senna – Dentro das Redações”, apresentado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.
Tive a honra de ser orientador do projeto de Gabriel Sant’Anna Lima, Cuilherme Cadima de Souza e Vitor Francisco Jaqueto.
*Publicado no Blog em 16 de dezembro de 2014.
Fefeu
1, maio, 2019Muito bom Rodolfo