O cara votou no Aécio, está triste; mas é meu amigo.
O outro votou na Dilma, está feliz, um tantinho apreensivo; mas também é meu amigo.
Prezo a amizade de ambos, mesmo com seus arroubos eleitorais.
Pedem que o Escova seja o mediador da polêmica.
Escova é veiaco, não põe a mão em cumbuca. Diz que o voto é secreto, e mais não fala – e eu respeito.
Tem um olhar divertido para as discussões acaloradas que ainda acontecem.
– Não percam tempo, diz.
II.
O Poeta defende o voto nulo. Mas, ao que consta, desta vez tomou partido.
Na discussão, porém, não quer entrar.
Defende o voto nulo. E cita o colunista da Folha, Jânio de Freitas: o País não está dividido, o que se dividiu foram os votos. Somos 240 milhões de brasileiros. Pouco mais de 100 milhões votaram neste ou naquele.
– Ao somar abstenção, voto nulo ou em branco, foram mais de 30 milhões de votos.
Ou seja, o buraco é mais embaixo.
III.
“Viva a democracia!”
Não identifiquei quem gritou o bordão, mas ouço aplausos e vivas!
Pintou um clima de celebração no bar.
Ufa!
IV.
Desarmam-se os espíritos.
Mas, alguém torna a lembrar os excessos nas redes sociais. De ambos os lados.
– Você leu o que Fulano escreveu?
– O que o Beltrano respondeu?
– Sicrano perdeu a noção…
Os ânimos voltam a se alterar.
V.
Até desconhecidos que estão a bebericar, ao redor da nossa mesa, querem palpitar e dar sua opinião.
– Vivemos uma nova era. Somos senhores da Verdade Absoluta quando teclamos, o farol do mundo. Quem não seguir a nossa luz vai se espatifar nos rochedos.
VI.
Ops.
Há um novo poeta no boteco. Ou seria um pastor ou um candidato à Academia Brasileira de Letras?
Por falar, na ABL, ouso ali, no arder da fornalha de argumentos, citar o novo imortal, o poeta Ferreira Goulart, a ser empossado por esses dias:
“Gente, não quero ter razão, eu quero é ser feliz”.
E novamente se enchem os copos.