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A Copas, as figurinhas e a seleção

Participei de três palestras para estudantes de jornalismos nos últimos dias.

Plateias distintas, temário diverso, em todas elas apareceu, na sessão de perguntas, a mesma inquietação: haverá Copa no Brasil?

Faltam 40 dias para o primeiro do Mundial – e a meninada, me parece, está a temer uma nova onda de protestos, como a que aconteceu em junho passado, simultaneamente à Copa das Confederações.

Não sou de fazer previsões, mas a todos tranquilizei (ou decepcionei) lhes garantindo que Copa haverá. Não será (ou será?) aquela festa toda que os senhores da Copa (Fifa, CBF, Globo e parceiros) imaginaram. Carnaval, festas e mais festas, mulheres a rodo, uh, uh, uh…

No entanto, quando a bola rolar, será difícil segurar a paixão latente do povão brasileiro pela seleção e pela hegemonia do Planeta Bola.

Nesse sentido, destaquei um dos indícios para o meu prognóstico.

Nas manhãs de domingo, uma multidão se reúne em uma praça perto de casa, adivinhem para o quê?

Adivinharam?

Desconfio que não.

Trocar figurinhas da Copa. Isto mesmo. Homens de todas as idades, mulheres, crianças e o escambau, todos no afã do desejo de ver completinho o álbum da Copa.

Pode?

Claro que pode. Estamos no Brasil, onde se plantando tudo dá.

Ops…

De quebra, indico para a rapaziada que assistam ao filme “O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias”, tocante relato do País em plena Copa de 70, com a ditadura em um de seus momentos de maior virulência.

Minhas preocupações, digo aos estudantes, abrangem dois aspectos.

1 – Não haverá qualquer legado social, digamos assim, da realização do evento no Brasil. A questão do desenvolvimento de determinadas regiões, de melhorias para a mobilidade urbana etc. – tudo não passou de balela para que se justificasse o rio de dinheiro público que desaguou nas obras do Mundial.

2 – E se o Brasil não ganhar a Copa… Já pensaram? Sairemos do estádio em silêncio, chorosos e com a alma em destroços como aconteceu no Maracanã em 50?

Sei não…

O jogo é jogado e o lambari é pescado.

Não está tão difícil de acontecer. Vejam a pífia performance dos clubes brasileiros na Libertadores. Dos cinco representantes, sobrou apenas um: o Cruzeiro e com um futebolzinho dos mais chinfrins.

Por outra, vejam a final da Champion. Será jogada em Lisboa, por dois times espanhóis (Real e Atlético) que jogam descaradamente no estilo da escola alemã de futebol. Valorizam a organização tática, o vigor físico durante os 90 minutos e uma técnica apurada, sempre em direção ao gol.

Não é um futebol vistoso, mas é bem competitivo.

O Guardiola que o diga. Tomou de quatro do Real na própria casa.

Não sei se só a malemolência e o embalo cívico da torcida vão nos garantir a Taça.