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Brevíssimas 9

“Faz tanto tempo
que não sei mais.

Tenho receio.

É um querer não-querer,
não-querer querer.

Você entende?”

* Qual de nós, malandros
otários, já não enfrentou
a pergunta sem resposta?

Qual de vocês, moçoilas
barulhentas, já não
jogou esse jogo?

Que atire o primeiro
não-sei-se-sei…

II.

Querem outra?

“Eu não sei mais
o que falar sobre
isso tudo.

Tenho medo.

Temos algo.

Mas nada temos.

Bom fim de semana.

Espero que saiba
o que quer.

Me explique!”

* Garanto que o desalmado
(porque ela lhe roubou
a alma) vai até tentar.

Não vai conseguir.

Alguém duvida?

III.

E aquelas que ameaçam
um improvável retorno:

“Você ainda me
deixa sem palavras.

Às vezes sempre.

Acho que preciso
de mais uma
taça de vinho.

Tenho saudade de mim.”

* E aí, compadre,
como ficamos nessa?

Outra pergunta sem
resposta, sei bem.

IV.

Mas, há as objetivas.
Quer dizer, quase objetivas.

Telefona depois de um
tempo, com uma
desculpa qualquer.

Ela quer ouvir e ouve:
é a única na sua vida.

Então, refuta:

— Por enquanto não.

Aí você diz:

— Se não for agora, quando?

E ela:

— Não sei…

V.

E as que lhe convidam
para um cinema ou
um café ou, formais,
para um almoço?

Vale até aniversário
de criança, filho de
uma amiga comum.

— Você vai?

Você diz:

— Óbvio que sim.

Rápido, você repica
com outro convite:

— A gente pode sair depois.

Ela:

— Não prometo

Ou seja voltamos
a estaca zero…

VI.

Aí, fingem que não
estão entendendo.

Mas, sabem bem
o que querem…

VII.

Nós, malandros otários,
é que não sabemos.

Djavan diz que é
mais fácil aprender
japonês em braile…

Alguém discorda?

VIII.

Pergunto.

O que se passa
nessas cabecinhas?

O que vocês querem
dessa rapaziada
que ainda crer no amor?

IX.

Não precisam responder,
pois vocês mesmas imaginam…

Saibam apenas que
esses tolos podem vergar,
mas não quebram.

São como as árvores,
que morrem de pé…