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Caminho de pedras

Havia uma pedra no meio do caminho.

Uma só, não.

Muitas.

Aliás, o caminho surpreenderia o mais inspirado dos poetas.

II.

O caminho é todo calçado por pedras irregulares.
De diversos tamanhos e formas.

Foram justapostas, uma ao lado da outra.

Isto, no século 18, por escravos que as retiraram do fundo do rio Mambucaba.

Para assentá-las, reza a lenda, os negros usaram óleo de baleia.

Haja baleia!

III.

A rota tem aproximadamente 30 quilômetros de extensão.

Serpenteia todo o Parque Nacional da Serra da Bocaina, na divisa dos estados de Minas Gerais Rio de Janeiro e São Paulo. Lá nos confins do Vale do Paraíba, entre os magníficos cenários das serras da Mantiqueira e do Mar.

Quase me esquecia de dizer.

Este caminho tem nome.

Vários.

Estrada da Cesaréia (a fortaleza de pedras construída por Herodes no Mediterrâneo) ou Estrada da Independência ou Trilha dos Mineiros.

A denominação da moda, porém, é Trilha do Ouro.

IV.

Caríssimos.

Não se surpreendam com a palavra ‘moda’.

Como nos tempos do Brasil Colônia, o caminho de pedras ainda hoje é usado para transporte em mulas de todo tipo de mercadoria, principalmente alimentos.

Só que, agora, os animais carregam também as coloridas mochilas dos ecoturistas que descobriram o parque e a trilha como pontos de referência para aventuras radicais – vôos de asa delta, rapel, trekkings – ou para um cada vez mais atual “contato com a natureza”.

V.

Para o próximo fim de semana, espera-se que centenas de pessoas invadam aquelas paragens. A maioria atraída pelas maravilhas da Trilha.

Ao pé da montanha, há inclusive uma agência de turismo na pequena São José do Barreiro que, pelo menos duas vezes por mês, leva grupos de 16 a 20 turistas para o desafio de três dias de caminhada.

VI.

Aliás, a pacata São José do Barreiro, por si só, é uma atração. Há quem diga ser a mais famosa das cidades históricas do Vale do Paraíba – Bananal, Areias, Arapeí, Cachoeiro. De lá se faz ponto de partida para diversas excursões pelos mais escondidos grotões do lugar, que incluem matas e cachoeiras e cenários deslumbrantes como o "Morro Frio".

Mas, além das caminhadas, a pequena Barreiro oferece uma série de atrações como a secular igreja matriz, a Fazenda do Pau D’Alho (onde reza a lenda D.Pedro pernoitou antes de vir para São Paulo e proclamar a Independência), um braço da Represa do Funil, um trecho da velha Estrada Rio-São Paulo (que vai acabar submerso na própria Represa) e uma singela praça com coreto e jardins, no melhor estilo e tradição das pracinhas do Interior de São Paulo.

VII.

Com uma razoável estrutura de pousadas e hotéis, a cidade situa-se a 296 quilômetros de São Paulo, próximo à divisa do Rio de Janeiro. O visitante deve seguir pela Dutra até à cidade de Queluz pegar a Rodovia Estadual da Bocaina (SP 221) e 35 quilômetros depois chegar em Barreiro.

VIII.

* Querem mais história do lugar?
Leiam "Serra da Bocaina – Na trilha de um velho paraíso". Está no ícone Reportagens, em 17/09/2000