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Esboço do nada…

 

Um ano qualquer da década de 80…

Um feriadão qualquer que não lembro bem.

Não viajo, fico em São Paulo por conta do trabalho na Redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.

Na tarde de domingo, porém, estou livre, leve e solto para fazer o que bem entendo da vida.

E o que faço?

Vou ao cine Belas Artes, na Consolação – e assisto ao filme “Bagdad Café”. O enredo me é próximo. Uma turista alemã vagueia sem rumo pelo deserto americano do Arizona e se reinventa ao encontrar com a dona de um posto no meio daquele imenso nada. Mais anos 80, impossível. A trilha sonora é lindíssima.

Saio do cinema impactado. Um tanto sem prumo. Outro tanto sem rumo. Na sala ao lado, outra referência da época está em cartaz. “A Insustentável Leveza do Ser”, baseado no livro de Milan Kundera.

Tenho o resto da tarde de domingo livre – e resolvo num impulso assisti-lo. A sessão está prestes a começar…

Foi uma memorável – e solitária – maratona.

Tanto que lembrei-me dela ainda nesta semana quando recebi o trecho do famoso romance de um entusiasmado leitor. Com o singelo recado: “publique!”

Diz que faz sentido para os conturbados dias que vivemos.

Têm lá suas razões, o moço e o autor:

O trecho:

“Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo ‘esboço’ não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.”

Ainda nenhum comentário.

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