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Esperançar

Um amigo recente, e muito sincero, chama a minha atenção:

– Nunca se esqueça que Freire (Paulo Freire, o educador) consolidou o verbo ‘esperançar’.

A conversa entre nós (havia outro amigo professor na roda) girava por tristes temas da atualidade como desemprego, reformas, a gang do Centrão dando as cartas no Congresso e no país… Um presidente ilegítimo, e fanfarrão. Enfim…

Dizem que o corpo fala – e os meus meneios de cabeça e a minha expressão de desalento, creio, entregaram o que não gostaria de pensar, mas penso: “esse Brasilzão, que um dia foi de meu Deus, não tem mais jeito, não. ”

Não precisei verbalizar o que sentia e sinto. Logo, o amigo fez a benfazeja intervenção, com a explicação devida.

– “Esperançar” se interpõe ao conceito religioso da palavra esperança. Este conceito propõe que o cidadão seja passivo e espere pacientemente por algo que virá a partir de uma determinação dos Céus. Algo como “tenha fé que tudo se resolverá”.

Continuou com a explicação:

– Para Freire, ter esperança é uma construção de fé, sim; mas, também de ação. Algo que se constrói, é almejar, é sonhar, é definir o que se quer. É principalmente agir no sentido de se fazer merecedor da conquista.

Trata-se, sim, de uma força que nos faz resilientes – conclui o outro amigo, já no embalo de que, seja qual for o campo de batalha, a luta continua.

“Não vai ser fácil” – digo. “Mas, é o que temos pra hoje. ”

E os amigos fazem coro na resposta:

– O mundo tem muitas voltas pra dar.

Lembrei, então, a mais antiga das verdades:

“É o passo que faz o caminho.”

Sigamos, pois…