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Jornal Nacional, 50 anos

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Ontem, 1o de setembro, o Jornal Nacional completou 50 anos de existência.

Importante.

Foi o primeiro telejornal brasileiro a ter edição única para todo o território nacional.

É ainda hoje imbatível em termos de audiência entre os noticiosos.

Tem ótima aceitação em termos comerciais e publicitários.

Dá prestígio a quem anuncia no horário.

Tem penetração consolidada em diversas camadas da sociedade brasileira.

Determinou uma ‘escola’ no formato dos telejornais brazucas – ágil e dinâmico – que ainda hoje o copiam e tentam nele se inspirar.

Faz parte da História da Imprensa, queiramos ou não – e, por vários momentos, influenciou decididamente a História Contemporânea do nosso país.

Justiça seja feita, nesses aspectos, a TV Globo tem todo o direito de festejar as proezas e os feitos do JN em sua trajetória.

Isto posto, mudo o tom da conversa.

Não sei se o Jornalismo propriamente dito tem o que comemorar nesse cinquentenário.

Mesmo com renomados profissionais de Imprensa em seu comando em seus primórdios – Armando Nogueira e Alice Maria – sempre pairou sombras sobre os reais objetivos da criação do JN. Seria assim, digamos, como um instrumento de apoio e divulgação aos atos e fatos do governo militar.

Essa desconfiança ganha contornos mais nítidos quando o JN – e todo o jornalismo da Globo – foi reticente em reconhecer os diversos movimentos sociais que lutavam pela redemocratização do país nas décadas de 70 e 80, mesmo após o fim da censura.

Um capítulo especial para as Diretas Já, em 1984.

Para o Jornal Nacional – devidamente adequado às ordens da família Marinho – não acontecia nada de exponencial nas ruas e praças do Brasil de então.

Demorou para a ficha cair.

Tanto que nas manifestações das Diretas em todo o país, os repórteres globais eram recebidos com o hoje tradicional coro:

“O povo não é bobo

Fora Rede Globo”

Outro episódio marcante é a célebre edição do Jornal Nacional para o decisivo debate Collor e Lula dias antes do segundo turno da eleição presidencial de 1989.

Aliás, a eleição do Caçador de Marajá, dizem, passou e muito pela aprovação dos Marinhos.

Mas, esta é uma longuíssima história que já tratamos por AQUI.

Há outros momentos em que a Rede Globo, via JN, tenta influir fortemente na vida política e social brasileira.

Fiquemos com o mais recente – e igualmente condenável.

Ao participar do programa Entre Vistas, comandado por Juca Kfouri, na TVT, o jornalista americano Gleen Greenwald, do portal Intercept Brasil, destacou a ‘parceria’ entre a mídia tradicional brasileira e os togados senhores da Operação Lava Jato.

Deu ênfase à participação do noticioso:

“No Jornal Nacional, Bonner apenas falava o que tinha recebido da força-tarefa, com uma audiência enorme, sem nenhum trabalho jornalístico. Atuavam como parceiros.”

Vale lembrar que, mesmo diante de um fato de relevância para a história recente do país, a TV Globo preferiu não participar do pool de veículos de informação que apuram os vazamentos das conversas entre os procuradores da Lava Jato, deflagrados pelo Intercept Brasil.

O que é lamentável em termos jornalísticos.

Aliás, nesse quesito, não há mesmo o que reverenciar e comemorar.

Não à toa, em 2014, Graça Lago, filha do ator e compositor Mário Lago se disse enojada quando, no programa do Faustão, o troféu que leva o nome do seu pai – um grande humanista, ligado aos movimentos de esquerda – foi entregue ao Willian Bonner, âncora do JN.

Fez um post no Facebook com o seguinte desabafo: Mal

“Meu pai, Mário Lago, merece respeito. Enojada e revoltada com a farsa que foi o Prêmio Mário Lago 2014”.  Leia AQUI.

A propósito – e para encerrar – invoco a mais valiosa lição de ética no jornalismo – e na vida.

Tem a assinatura de Cláudio Abramo, um dos grandes nomes do jornalismo do século 20. Talvez o mais importante desde o pós-guerra, quando a Imprensa nativa passa por grandes transformações – e Abramo foi um de seus construtores:

“A ética do jornalista é a ética do cidadão. O que é ruim para o cidadão é ruim para o jornalista.”

1969. Paulinho da Viola vence o último dos festivais da TV Record com a canção “Sinal Fechado”. Vaias e aplausos. Tempo de difícil comunicação, do AI-5, de um Brasil sob o tacão da ditadura e do obscurantismo. Mas, havia um sonho, um amanhã…

Foto: Divulgação/Rede Globo

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