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O dia do (não) fico

“Pois fique.”

Ela falou sem medir o que acabara de dizer.

Conhecera a pouco o tal paulistano que estava há três ou quatro dias em Salvador.

A trabalho, ele lhe disse.

Disse mais.

Iria embora no dia seguinte, por isso arriscou dar umas voltas pela orla baiana naquela noite.

Entrara ao acaso num desses quiosques de praia.

Agora, conversava sobre o lá e o aqui.

Ela achou graça. Jeitão estranho, o do rapaz!

Na verdade, na verdade, só ele falava – e como falava…

Estava entusiasmado.

Só se entristeceu quando lembrou que partiria.

— Pois fique.

Ela disse sem pensar.

Só se deu conta da frase quando os olhos dele a fitaram demorada e sonhadoramente.

Tanto tempo depois, um sequer lembra o rosto do outro.

Mas, vá entender as razões das coisas invisíveis. Sempre que anda pela praia, não é raro a moça olhar para o quiosque e resgatar aquele momento.

Arrisca até um palpite:

— Seria divertido.

Em meio as atribulações da metrópole e os desvarios dos amores perdidos, ainda hoje ele se pergunta:

— O que teria acontecido se eu tivesse ficado?

 

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