Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Roma, Woody Allen e o Rio

O Rio de Janeiro, que continua lindo, é oficialmente o 19o Patrimônio da Humanidade, em plagas tupiniquins, título reconhecido e declarado ontem pela Unesco, em assembléia realizada em São Petersburgo, Rússia.

Leio nos jornais que o Rio é a primeira metrópole a receber tal distinção – categoria Paisagem Cultural – até então só vinculada a regiões rurais.

Se faltava algo para Woody Allen escolher a Cidade Maravilhosa como a próxima parada de suas andanças turísticas/cinematográficas, desconfio que não falta mais nada…

Um bom patrocínio, talvez?

II.

A propósito, há uma engenhosa produção de Woody Allen em cartaz na cidade:

Para Roma Com Amor.

O verso inicial da belíssima “Vollare”, de Domenico Modugno, dá o mote para as quatro histórias que se intercalaram pelas ruas, vielas e ruínas romanas:

“Penso que un sogno cosi non ritorni mai piu”

A partir daí e com a verve de sempre, o cineasta nos conta as venturas e desventuras de um pacato cidadão que vira celebridade por acaso. Depois, mostra as estripulias de um casal provinciano que tenta a vida na Capital italiana. Há ainda a debochada sina de um grande tenor que só canta no chuveiro e, por fim, temos as deliciosas lembranças de um renomado arquiteto dos tempos em que viveu naquele cenário.

A comédia não tem a levada idílica de “Meia Noite Paris”, mas o olhar do cineasta sobre as mazelas cotidianas é sempre inteligente, e corrosivo.

O filme ainda traz a estupenda Penélope Cruz no papel de uma despachada prostituta. Além do próprio Woody Allen em cena como um diretor de musicais que “sempre esteve a frente de seu tempo”, mas agora curte uma tediosa aposentadoria.

III.

De volta ao Rio e à possibilidade de ser palco das deliciosas narrativas do cineasta, tenho certeza que não lhe faltariam canções para a trilha sonora (sempre um requinte nos filmes de Allen) e tipos trapalhões notáveis para sua memorável galeria de personagens pancadões. Modestamente, eu tomo a liberdade de lhe sugerir alguns: o paulistano querendo se passar por carioca da gema, o malandro-otário, a emergente classe C invadindo (ou melhor, ocupando) o Copacabana Palace, a garota generosa que sonha em ser atriz de novela…

Ops.

Há material de sobra, como se vê.

Quem sabe o embalo da Copa e das Olimpíadas não o inspire ainda mais?