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Rua Ramalhete

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Tavito se foi…

Que enxurrada de tristezas tristes-tristes esta que abocanha e carrega o início de 2019!

Tavito Carvalho, cantor/compositor, parceiro de Zé Rodrix na linda “Casa no Campo” que a voz de Elis eternizou, é autor e intérprete daquele verso singular para a geração que floresceu entre os anos 60 e 70:

Será que algum dia,

eles vêm aqui?

Tocar as canções

que a gente quer ouvir

“Eles” eram os Beatles e “as canções” aquelas todas que a gente nunca esquece…

Inclusive, agora, sem querer fui me lembrar, não de uma canção – e com todo respeito à memória do Tavito –, mas de uma história que envolve um chegado meu naqueles idos (60/70).

Vou chamá-lo de Sem Noção para não ferir suscetibilidades e eventualmente magoar um amigo que não vejo há muitos e muitos anos, mas que continua meu amigo.

Ok,ok, ok…

O País está repleto de Sem Noção por aí. Alguns até ocupam altos cargos na esfera pública, ok, mas fiquemos com o nosso Sem Noção que, convenhamos, era sem noção, ok, mas era do bem.

Divertido, até.

Ouçam esta:

O nosso chapinha Sem Noção cismou que existia uma rua chamada “Ramalhete” no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.

Assim toda vez que ouvíamos no rádio a música do Tavito (“Rua Ramalhete”), o destemido se punha a contar prosa de que conhecia a tal rua, ficava ali no bairro vizinho (morávamos no Ipiranga), pois uma tia dele morava lá, acho até que perto da casa do cantor que era amigo do seu primo, quem sabe até sua prima, que era linda, fosse a própria musa da melodia etc etc etc.

Sabíamos que era invencionice do rapazote.

Verdade que algumas ruas na Vila Mariana têm nome de flores – das Rosas, das Hortênsias, dos Jasmins, por aí… Mas, Ramalhete-Ramalhete, não há nenhuma.

(Ao menos não consta no Google Maps, acabei de consultar.)

Além do que o autor Tavito Carvalho, sabíamos, fazia parte do mineiro Clube da Esquina, aquele do Milton, Wagner Tiso, Brant, Venturini, Beto Guedes, Lô Borges e tais.

Portanto, muito, mas muito provavelmente, morava em Belo Horizonte.

Mas quem disse que o falador se dava por vencido diante dos nossos argumentos.

– Vocês não sabem de nada. Eu vi o cara por lá, juro. Ele parece aquele outro cantor, o Sílvio Brito.

(Até que, à época, eram bem parecidos mesmo.)

Não preciso dizer, mas digo, a música fez um bruta sucesso.

E o Pimpão firme na sua verdade peremptória.

Desconfio que se sentia importante ao fazer tais referências.

Diria que era quase o co-autor da música.

Para ser sincero, depois de certo tempo, desistimos de tentar dissuadi-lo.

Ele que ficasse lá com seus delírios.

E aqui que vem o delírio coletivo, o mistério:

Acho mesmo que acabamos por nos convencer da historieta porque, olhem o absurdo, não foram uma ou duas vezes, foram mais, muito mais as vezes que surpreendi alguns dos nossos (eu, inclusive) repassando, em outros grupos, a lorota de que “tínhamos um amigo que conhecia o Tativo e, pasmem!, sabíamos até quem era sua musa inspiradora…”

Pode isso?

Bem estranho. Tolo.

Mas, de algum jeito, o fato em si só faz corroborar aquela versão – tão comum nas redes sociais hoje em dia – de que uma mentira, tantas vezes dita, acaba por se transformar em inabalável verdade.

Aliás, uma versão bem atual do Brasil de hoje.

 

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