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Sem perdão

Dê que o perdoasse.

Assim como Cadu bem que tentou perdoá-la pelo fim inesperado que deu ao caso, ao romance, à pegação – tenha lá o nome que queiram dar à história dos dois.

Do fundo do coração, era o que hoje ele mais queria.

Que ela o perdoasse.

Sem magoas ou rancores.

II.

Lembrou-se de como eram encantados aqueles tempos assim que o rádio do carro lhe trouxe a canção do Djavan:

“Venha me beijar de uma vez
Você pensa demais
Pra decidir…” – (Flor do Medo)

III.

Cadu, o pacato, não ficou triste, nem feliz quando a saudade, a sombra de uma leve saudade, tentou aborrecê-lo.

Tirou de letra.

Sussurrou para si mesmo.

— Foram tempos encantados.

Ótimo que pode vivê-los.

Vida que segue…

IV.

Dê que o perdoasse.

Por que, para ser franco, não lamentou a falta dela.

Do sorriso lindo, espontâneo.

Do jeito de moleca que o cativava.

Das horas que ela o fazia esperar para depois cobri-lo de beijos e carinhos.

De como sabia enfeitiçá-lo.

Da forma incrível como se amavam.

Nem eles próprios acreditavam o quanto era bom.

V.

Dê que o perdoasse.

Por que viveram tão intensamente aquele presente.
Que nem planos fizeram.

E agora Cadu constatava: nada mais existia.

Achou cruel o vazio.

Mas, o quê fazer?

VI.

Dê que o perdoasse.

Por que, ao lembrar-se de tudo, só sentiu falta dele mesmo.

Do tresloucado empenho que fazia para tê-la por perto.

Da maneira única (e mágica) que passou a encarar a vida.

(Parecia que tudo o que fazia dava certa porque ela o inspirava.)

Da certeza que aquele era um sentimento raro.

Seria amor?

VII.

Dê que o perdoasse.

Por que, sei bem como são os homens, e pelo jeitão triste como Cadu me contou essa história, ele nunca a perdoou.

Nem perdoará.

Era amor, sim.

** FOTO NO BLOG: Nova York/arquivo pessoal