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Vida que segue…

Tenho algum tempo de estrada como torcedor de futebol.

Pouca coisa.

Descobri hoje, ao acaso enquanto navegava no São Google, que há 51 anos este modesto escriba assistia, pela primeira vez, a um jogo de futebol profissional em um estádio. Óbvio que foi no Parque Antártica que ainda não era o Jardim Suspenso de tantas e tamanhas tradições e sustos. Jogaram Palmeiras e XV de Piracicaba no jogo de despedida de Waldemar Fiume. Lembro que inauguraram um busto do craque que ainda está lá, nos jardins de entrada do atual Palestra Itália.

Como escrevi na autobiografia que está no meu site:

“Meus limites geográficos e existenciais até os 16 anos não ultrapassavam o Parque da Aclimação, a várzea do Glicério e os “sete campos”, no final da rua Independência.”

O futebol, desde então, era paixão e vida.

Não é inteiramente errado dizer que o meu caso de amor com o jornalismo começa – criança ainda – nas páginas de Esportes de o Diário da Noite, que o pai trazia todos os dias na hora do almoço. Ali encontrava o mundo da bola em duas colunas famosas: As 20 Notícias, de Antônio Gusman, e Torcida Amiga, do grande Ari Silva, o primeiro presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.

Pela TV assistia às transmissões das tardes de domingo. A equipe esportiva da Record me é inesquecível: Raul Tabajara (narrador), Paulo Planet Duarte (comentarista), Flávio Iazzetti (comentarista de arbitragem), Sílvio Luiz e Reali Júnior (repórteres de campo).

Óbvio que as coisas não pararam por aí.

Inevitável que a paixão pelo futebol (joguei bola até os 52 anos) e jornalismo acabou por se fundir. Não sei como não fui parar na crônica esportiva, embora tenha dado meus pitacos por ali em dois ou três veículos do tantos quantos pelos quais andei – e como andei! Cheguei até a ser associado da ACEESP. Mas, um tal Sr. Destino preferiu me levar por outros caminhos e em nada posso reclamar, pois fui, a meu modo, feliz a cada passo da jornada.

Mauro Pinheiro, Geraldo Bretas, Sérgio Backlanos (o Alemão), Vital Bataglia… Posso ficar horas falando sobre esses e outros nomes de jornalistas esportivos que me encantaram com seus comentários e reportagens.

Mas, porque mesmo estou a lhes dizer isso tudo?

Vocês podem até estar felizes com o que, hoje, vêem, ouvem e lêem sobre futebol. Mas, vou lhes confessar: eu ando desacorçoado não com o que vejo (porque tecnicamente as transmissões são melhoram, têm mais recursos técnicos) mas com que ouço e leio.

Há opiniões demais, clubismos demais – e reportagens de menos.

Interesses demais, negócios demais – e informações de menos.

Torcedores demais, tietes demais – e jornalistas de menos.

Sei que o futebol traz em sua essência aspectos lúdicos, mágicos, passionais. Não há como ser comentarista esportivo sem ser apaixonado por algum clube ou mesmo ter convicções, estratégias e preferências.

Mas, me digam:

Em quem acreditar?

Nos cáusticos que execraram publicamente Ronaldo semana passada ou nos deslumbrados que, desde domingo, o transformaram no Senhor dos Gramados, após derrubar o alambrado?

Foram basicamente as mesmíssimas pessoas.

Sei que não é correto generalizar – mas, via de regra, tem sido assim.

Isso sem falar nos tais comentaristas de arbitragem. Eram patéticos apitando, são patéticos ao tentar desmentir o que as imagens nos mostram.

Por essas e por outras, a partir de hoje, vejo os jogos na TV sem som, me informo pelo Blog do Cosme Rímoli (um dos raros jornalistas que trabalha primordialmente com a informação e a valoriza sobremaneira com suas reportagens). E, como diria o histórico João Saldanha, vida que segue…

* Sei que nada vai mudar, mas, ao menos, desabafei.

* Foto: Jô Rabelo