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E as rosas eram todas amarelas

O adolescente.
O ofendido.
O jogador.
O ladrão honrado…

Todos sabiam.

O ‘amarelinho’ que comanda o trânsito.
O motorista no congestionamento.
O motoboy que trafega entre os carros.
O pedestre assustado…

Todos sabiam.

O meu amigo que é poeta e rima amor e dor.
A musa inspiradora do meu amigo que é poeta.
Até os que leram os versos do meu amigo que é poeta.
Se gostaram, não sei; mas que sabiam, sabiam…

Todos sabiam…

A moça que, em meio à chuva, lembrou
outro dia de chuva que o tempo levou.

Ela também sabia…

No restaurante.
Na padaria.
Na lanchonete mordenosa.
No boteco chinfrim.
Na doceira.
No supermercado.
Nas alamedas do shopping…

Até no balcão da farmácia, comentavam
que sabiam o que sabiam.

Todos sabiam…

O jardineiro.
O zelador do prédio onde moro.
O jornaleiro da banca da esquina.
A balconista de sorriso triste…

Meu Deus!

O pároco.
O sacristão.
As senhoras que ainda usam véu…

Desconfio que até as imagens dos santos…
Até elas sabiam.

Todos sabiam.

Vi o olhar da menina no elevador.
Do manobrista no estacionamento.
Da Dona Rosa ao me servir café.
Do desconhecido que me deu ‘bom dia’.

Todos sabiam.

O andarilho.
O fumante, solitário, na calçada.
A noveleira de plantão.

A esotérica Solange K. adivinhou.

Adivinhou que esses e outros sabiam.

Todos sabiam.

E sabiam mesmo…

Que, no princípio de tudo,
nos tempos dos amores épicos,
as rosas eram todas amarelas.

E este, que acabo de escrever,
é o meu milésimo post.

( * Versos incidentais da canção
“E as rosas eram todas amarelas”, de Benjor)

* FOTO NO BLOG: Camila Bevilacqua