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Não Foi Por Falta de Trilha Sonora (4)

“Quem tem, tem
Quem não tem,
Não se conforma…”

(Questão de Posse)

“Eu entendo a juventude transviada
E o auxílio luxuoso de um pandeiro
Até sonhar de madrugada
Com uma moça sem mancada
Uma mulher não pode vacilar”

(Juventude Transviada)

“O tudo o que se tem
Não representa tudo
O puro conteúdo
É consideração “

(Congênito)

“Cai nos meus braços
Você não tem onde cair”

(Paquistão)

As letras do carioca do Estácio, Luis Carlos dos Santos, o consagrado Luiz Melodia, chamaram a atenção desde o primeiro momento em que apareceram em cena. Frases esparsas, por vezes desconexas, que nunca chegavam a formar um todo, mas davam seu recado. Melhor: eram a cara e alma daqueles fragmentados anos 70 quando os artistas do primeiro time da MPB perderam espaço no rádio e na TV e tiveram que cavar trincheiras em outras frentes – como o chamado circuito universitário – para sobrevivência de sua arte e, por que não, da sua indignação.

Foi assim que no ano santo de 1976, Melodia chegou ao segundo disco “Maravilhas Contemporâneas” que hoje lembramos na série “Se o Mundo Não Ficou Melhor, Não Foi Por Falta de Trilha Sonora”.

Lançado pela Som Livre, o trabalho consolidou Melodia como intérprete originalíssimo. Como compositor, desde sua aparição na voz de Gal Costa, com “Pérola Negra”, ninguém mais o questionava.

— Sou negro e carioca. Mas, não tenho a menor obrigação de fazer samba.

O aviso de Melodia soou plenamente dispensável.

Além dos versos intrigantes, o cantor/compositor espalhou-se a gosto por melodias engenhosas e de muito vigor. Com influências claras do jazz, do rock, dos sambas de gafieira e o baticum da Zona Norte do Rio.
Ou como ele definiu à época:

— Tudo no instinto, na pureza, no faro, no tato

* FOTO NO BLOG: Jô Rabelo