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O sumiço do ídolo

“O ex-jogador de futebol Altair Figueiredo, da seleção brasileira de 1962, se perdeu durante o jogo entre Brasil e Japão, na tarde deste sábado (15/6). Com 75 anos, Altair tem princípio de Alzheimer. O ex-lateral esquerdo estava em Brasília para participar de uma exposição que celebra o cinquentenário da Copa do Mundo do Chile, em 1962.

Acompanhado de um grupo de ex-jogadores e organizadores do evento, Altair saiu do Manhattan Plaza, no Setor Hoteleiro Norte, no início da tarde e entraria no ônibus que o levaria ao jogo. Neste momento, se perdeu do enfermeiro que o acompanhava e não foi mais visto.”

(Correio Braziliense)

I.

Bateu um baita aperto no coração quando soube da notícia.

Altair era um dos meus ídolos quando garoto.

Vi alguns jogos dele no Pacaembu pelo torneio Rio-São Paulo(menores de 12 anos entravam de graça) e fiquei admirado.

Confirmei essa impressão quando o via em ação, em pleno Maracanã, pelas lentas mágicas do Canal 100, noticiário esportivo que antecedia às matinés de domingo.

Embora palmeirense logo o escolhi como referência para minhas ‘peladas’ nos campinhos da vida.

Era implacável na marcação.

Tinha um jeito único de dar ‘carrinho’ junto a lateral do campo. Dava espaço para o ponta dar um ‘tapa’ na bola, imaginando alcançá-la lá na frente, livre de marcação.

Ledo engano.

Altair arrojava-se em direção à bola, roubava a bola com um toque sutil e, ágil, erguia-se com a redonda dominada e saía jogando.

Eram famosos seus duelos com Garrincha (Botofago), Joel (Flamengo) e Sabará (Vasco).

Em São Paulo, me fazia ficar dividido quando enfrentava Julinho, do Palmeiras.

Queria jogar igual a ele…

II.

Não faz muito tempo, alguém me pediu para escalar minha seleção de todos os tempos.

Cometi a heresia de deslocar Nílton Santos para quarto zagueiro, e escalei Altair na lateral esquerda.

Diante do espanto do meu interlocutor, argumentei que os dois sabiam jogar nas duas posições e, tenho absoluta certeza que, no gramado dos meus sonhos, seriam imbatíveis.

Falei com tanta convicção que não lhe dei chance de resposta.

III.

Altair foi encontrado dez horas depois zanzando pelas ruas de Brasília. Dois jornalistas o reconheceram e o encaminharam ao hotel, onde a comitiva da CBF se hospedou.

Altair dizia ser jogador do Flu e que havia se perdido do resto do grupo.

Estava preocupado.

Não podia perder o jogo daquele sábado, contra o Flamengo.

(*Post de número 1982)