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Recordações de um repórter – 12

Entrevistar Cid Moreira foi uma aventura.

Ele estava lançando uma série de CDs em que narrava passagens da vida de Cristo.

Só que o apresentador tem histórias e mais histórias sobre os bastidores do rádio e da TV que levavam os repórteres para longe da pauta dos assuntos bíblicos, motivo da coletiva.

Um exemplo.

Era Cid quem dava a cara para bater quando, nos primórdios do Jornal Nacional, as coisas não saíam exatamente como estava previsto na lauda – naquele tempo, não havia telepronter.

Ele, todo solene, cabelos já levemente tingidos com uma seiva de babosa, anunciava a posse de um presidente – e, no vídeo, aparecia uma vaca mugindo, parte de uma outra reportagem qualquer.

As câmeras se voltavam para ele que, sem perder a pose, sacramentava:

— Desculpem a nossa falha!

Bordão que se consagrou tempos afora…

II.

Foi um dia tenso na Redação.

Choveu muito.

Ruas alagadas, trânsito caótico e uma grave ocorrência.

As paredes e os muros de uma antiga fábrica caíram em cima de alguns veículos que estavam parados na avenida do Estado. Esperavam abrir o sinal na pista centro-bairro, ali no cruzamento com o Viaduto Pacheco Chaves.

Eu e o fotógrafo Anísio Assumpção chegamos ao local – e vimos cenas tristes.

Preferi não ver a retirada do corpo do motorista de um caminhão que estava sob os escombros.

Escrevi a reportagem ainda chocado com o que vi. Mas, sobretudo, a fragilidade da vida humana e o efêmero da vida de cada um de nós.

III.

À noite, estávamos, quase todo o pessoal da Redação, no Teatro Itália.

Sobraram convites para uma das tantas reestréias de Os Mistérios de Irma Vap, com Nanini e Ney Latorraca.

Acho que nunca ri em tanto com uma peça de teatro.

Vá entender, ladeira abaixo, a vida de um repórter das antigas…

* FOTO NO BLOG: Jô Rabello